Uma Trip Biológica

Espantoso como as coisas acontecem quando menos esperamos. No outro dia convidaram-me para ir tocar contrabaixo com mais pessoal. Estivemos a tocar umas músicas juntos e amanhã vamos ensaiar de novo. Estou a tocar com mais um trombone, uma flauta, um saxofone e um clarinete. Temos intenção de depois ir para as ruas tocar e para outros locais. Muito bom... estava mesmo a precisar de algo assim para evoluir um pouco mais no contrabaixo. Umas espanholadas, talvez uns blues e jazzadas com muita improvisação à mistura, umas percusões africanas e está o espectáculo feito.
Quanto a outros trabalhos está complicado. Na quinta do David Rilhas não precisam de trabalho.
No entanto na Sarrazola já fiz uma horta, à là permacultura style, cartão e mulching com palha. Plantei muitas couves que havia lá para plantar, uns pimentos, etc. Ainda devo plantar umas batatas e umas favas também, embora já não haja muito espaço.
Ainda não sei muito bem como é que hei-de fazer o reboque para o contrabaixo... mas está em estudos. Também já não faço ideia se irei realmente fazer a viagem de bicicleta... se o projecto musical evoluir talvez andemos por aí a tocar o verão inteiro. Iremos ver, está tudo em aberto.
No outro dia apareceu pela Sarrazola um rapaz que ficou paraplégico por causa de um acidente numa onda do mar. Marcou-me bastante... estive algum tempo a conversar com ele. Parece estar a lidar bastante bem com a sua nova situação, tentando não ficar parado, fazendo coisas dentro das suas possibilidades. A sua vida mudou completamente e agora diz que tem mais tempo para vivenciar realmente tudo o que faz. Nada é feito levianamente, tudo tem um propósito e um significado. Mesmo o seu acidente faz parte de um processo evolutivo e de aprendizagem. Como não pode desenvolver nada fisico, tenta desenvolver o seu lado mental, criativo, emocional e espiritual. Escreve poemas, pinta, canta, etc. Só neste primeiro encontro deu-me umas boas lições de vida. Espero poder continuar a disfrutar da sua companhia...

Após uma semana na Sarrazola, as coisas não correm pelo melhor, mas também não vão más. Trabalho, mas nem direito a alimentação tenho. Tenho de fingir que não existo por enquanto. Ninguém da Agrobio pode saber da minha presença no local. Portanto, trabalho quando me apetece e mais por curiosidade e por ter vontade de aprender. Hoje fui a uma quinta ao pé de Sintra onde talvez vá pedir trabalho. Pelo menos que dê para pagar a alimentação... Fui também à Biocoop, mas parece que de momento não precisam de pessoas para trabalhar. Questionei igualmente sobre a hipótese de poder levar bolos e tartes para lá, mas também neste campo não estão a precisar de colaboração. No entanto encontrei por lá a Joana piquena que fez a iniciação de Reiki comigo e que me indicou uma loja onde talvez aceitem destas coisas. Tenho de falar com a Sara sobre isto.
Estas são, portanto, de momento, as minhas possibilidades de orientar algum argent antes de começar a minha viagem.